Lula critica políticos que 'estimulam ataques' ao Brasil e diz que país 'não aceitará ordens'
06/09/2025
(Foto: Reprodução) O presidente Lula em pronunciamento sobre o Sete de Setembro
Ricardo Stuckert/Presidência da República
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste sábado (6) tentativas de interferência estrangeira no Brasil e disse que o país não aceitará "ordens de quem quer que seja".
Lula também chamou de "traidores da pátria" os políticos que "estimulam ataques" ao país — uma referência indireta ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontado como um dos catalisadores das sanções dos Estados Unidos contra autoridades e produtos brasileiros.
No pronunciamento, transmitido em cadeia nacional de rádio e TV, o petista fez menções veladas à ofensiva americana ao defender o PIX, a regulamentação das redes sociais e a independência do Judiciário.
Ao anunciar o tarifaço e a abertura de investigação comercial contra o Brasil, o governo dos EUA fez críticas justamente a estes fatores.
Lula também voltou a defender a soberania nacional — conceito mencionado quase uma dezena de vezes na fala —, reforçando o novo mote da comunicação do Palácio do Planalto.
"Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém. Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro", declarou o petista.
Confira abaixo, nesta reportagem, detalhes do pronunciamento de Lula sobre (clique para ir ao conteúdo):
os "traidores da pátria";
judiciário, PIX e redes sociais.
Os 'traidores da pátria'
Dos EUA, deputado Eduardo Bolsonaro participa remotamente de audiência na Câmara
Divulgação
Na fala que antecede as comemorações da Independência do Brasil, Lula repetiu críticas a políticos que, segundo ele, têm atuado no exterior para prejudicar o país.
O petista chamou o grupo de "traidores da pátria", classificou o comportamento como "inadmissível" e disse que a "História não os perdoará".
Apesar da ausência de nomes, o pronunciamento mira a família e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na última semana, Lula afirmou que a família Bolsonaro e o "comportamento" de Eduardo Bolsonaro eram uma das "maiores traições que uma pátria sofre de filhos seus".
Segundo o petista, o Eduardo tem "insuflando, com mentiras e com hipocrisia, um outro Estado contra o Estado Nacional do Brasil".
Filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro tem se reunido com representantes do governo americano e é apontado como um dos incentivadores das sanções americanas contra o Brasil.
Em agosto, o deputado foi indiciado pela Polícia Federal por suposta tentativa de obstruir, por meio do incentivo às sanções dos EUA, inquéritos contra o pai.
"É inadmissível o papel de alguns políticos brasileiros que estimulam os ataques ao Brasil. Foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro, mas defendem apenas seus interesses pessoais. São traidores da pátria. A História não os perdoará", declarou Lula neste sábado.
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No pronunciamento, o petista declarou que o Brasil mantém "relações amigáveis com todos os países". Ele ponderou, no entanto, que o país tem "um único dono" — o seu próprio povo.
"Não aceitamos ordens de quem quer que seja. [...] Este país soberano e independente se chama Brasil", afirmou.
Judiciário, PIX e redes sociais
Investigação dos EUA sobre práticas comerciais do Brasil critica até o Pix
O presidente Lula também criticou tentativas de interferência e rebateu críticas feitas no exterior a decisões do Judiciário brasileiro.
Neste sábado, o petista afirmou que o seu governo zela pela separação entre os Poderes e que não há espaço para que o presidente brasileiro interfira no Judiciário — "ao contrário do que querem impor ao nosso país", declarou Lula.
Há dois meses, o presidente americano enviou uma carta ao Brasil elencando as ações contra Jair Bolsonaro como um dos fatores para a imposição de tarifas contra produtos brasileiros.
Trump chegou a afirmar que havia uma "caça às bruxas" e que o julgamento de Bolsonaro, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), era uma "vergonha internacional". A ofensiva foi vista pelo governo brasileiro como uma tentativa de influenciar o Judiciário.
O Brasil também se tornou alvo de uma investigação comercial por supostas práticas desleais contra empresas americanas.
Entre os alvos da apuração, estão o PIX e a decisão do STF que responsabiliza plataformas digitais por conteúdos ilegais de usuários.
Sem mencionar o governo americano, o presidente brasileiro disse que defenderá o PIX de "qualquer tentativa de privatização" e que as redes sociais não estão "acima da lei".
"O Pix é do Brasil, é público, é gratuito e vai continuar assim. [...] As redes digitais não podem continuar sendo usadas para espalhar fake news e discursos de ódio. Não podem dar espaço à prática de crimes como golpes financeiros, exploração sexual de crianças e adolescentes e incentivo ao racismo e à violência contra as mulheres."
Lula também repetiu que defenderá as riquezas, as instituições e a democracia brasileira contra "qualquer um que tente golpeá-la".
"Nunca abriremos mão da nossa soberania. Defender nossa soberania é defender o Brasil", disse.